Docência em Serviço Social
Palavras-chave:
Assistência Social, Formação de Professores, Pós-Graduação, Serviço SocialSinopse
O presente livro é o fruto de uma pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade da Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, o qual se propõe a estudar a docência em Serviço Social como uma atribuição privativa do assistente social.
O interesse para estudar esse tema partiu das dificuldades profissionais ao assumir essa área de atuação que marca a minha identidade profissional. Ao longo da trajetória profissional como assistente social docente essas dificuldades se tornaram inquietações recorrentes ao perceber que muitos colegas também compartilhavam dos mesmos desafios ao assumi-la.
Diante de muitas preocupações para assumir a docência no Serviço Social surgiram reflexões quanto às possibilidades de “superação” e/ou enfrentamento em conjunto das dificuldades vivenciadas no exercício da docência. Dentre as reflexões socializadas, uma chamou a minha atenção, porque em muitos momentos durante essa experiência já havia refletido sobre a ausência dessa discussão na graduação/pós-graduação afastar os acadêmicos desse espaço de trabalho profissional, mesmo aqueles docentes que buscaram na pós-graduação uma aproximação com a docência não sentiram segurança para exercê-la, pelo fato de ser mais comum as especializações focarem nas políticas sociais do que na docência no Serviço Social.
Ao abraçar essa indagação, assim como foi um abraço correspondido o desabrochar desta produção, foi preciso clarificar o objeto da pesquisa e encontrar um aprofundamento para pensar sobre a docência que se faz e se pensa no Serviço Social. Mas, pensar a docência não é tarefa fácil, sobretudo, ao perceber que atualmente é tímida essa discussão como área de atuação profissional. Estudar a docência é sem dúvida um universo de possibilidades. É ter clareza que exercê-la é uma atribuição privativa do/a Assistente Social.
A presente obra focaliza, então, a docência no Serviço Social, o trato das atribuições privativas e competências na formação profissional, bem como a relevância que a pós-graduação possui na formação docente do assistente social.
A formação profissional em Serviço Social na atualidade é direcionada pelas Diretrizes Curriculares para construção do conhecimento em Serviço Social no Brasil, que junto com a Lei de Regulamentação e o Código de Ética profissional e as resoluções do conjunto CFESS/CRESS dão sustentação ao projeto ético-político que se coloca como projeto de ruptura com o conservadorismo pela apropriação da teoria social crítica. Tal projeto não permeia apenas o processo de formação, pois sua materialização depende do trabalho profissional. Este trabalho deve estar articulado ao seu par: a formação profissional, que numa relação dialética referenciam a concepção marxista de práxis ancorada no materialismo histórico-dialético eleito pela profissão.
As diretrizes curriculares orientam a formação em Serviço Social por núcleos articulados entre si, os quais se desdobram em matérias e estas em disciplinas e demais componentes curriculares. Essa formação habilita os/as assistentes sociais a atuarem nas múltiplas expressões da questão social, na gestão e execução de políticas públicas, no setor empresarial, na docência e nos demais espaços de ocupação profissional, e por este profissional ter uma formação intelectual e cultural generalista crítica, requisita que seja competente em sua área de desempenho, com capacidade criativa e propositiva no conjunto das relações sociais, sobretudo, no mercado de trabalho (IAMAMOTO, 2014).
Para elaborar esse estudo e atingir os objetivos propostos, foi percorrida uma longa trajetória metodológica, a qual se fundamentou em um amplo estudo bibliográfico sobre os fundamentos históricos, teóricos e metodológicos da profissão, bem como sobre a proposta de formação profissional no Serviço Social.
Nesta obra procuro contextualizar, por meio de 4 capítulos, a formação profissional em Serviço Social relacionada com a própria história da profissão no Brasil e o debate das atribuições privativas na busca por desvelar os conhecimentos que fundamentam e referenciam o trabalho docente exercido por assistentes sociais. Ademais, o livro explora a função docente em um contexto privativo do assistente social, bem como o papel que a pós-graduação desempenha na formação do docente em Serviço Social.
Dessa forma, estando contextualizado o processo sócio-histórico pela qual a formação passou ao longo da trajetória do Serviço Social no Brasil, detalho no segundo capítulo as experiências da trajetória profissional dos sujeitos entrevistados e o desenvolvimento de seu trabalho na docência em Serviço Social. Nas notas conclusivas, indico algumas propostas para refletir sobre o debate das atribuições privativas na formação profissional, mais especificamente o trato da docência no Serviço Social.
Essa obra, certamente, contribuirá para dar materialidade à produção do conhecimento em Serviço Social ao trazer contribuições acerca da docência como atribuição privativa exercida pelo/pela assistente social, sobretudo, por esta discussão ser pouco explorada, e carente de literaturas e publicações a respeito.
Busquei, portanto, apreender o objeto da pesquisa no interior dos movimentos da educação superior em Serviço Social vinculado a uma formação profissional em unidade com o exercício profissional numa relação dialética e não acidental. Para isso, não estou dizendo que a formação profissional precisa prescindir de disciplinas específicas que tratem da habilitação e do preparo para ser professor/a no Serviço Social, mas que ao contrário de uma formação instrumental, suscite debates, momentos/espaços e estratégias capazes de valorizar a docência como um espaço de trabalho profissional.
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