O inferno do Coronavírus

Autores

Alberto Teixeira da Silva
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS)
https://orcid.org/0000-0001-6644-514X

Palavras-chave:

Coronavírus, Covid-19, Mundo, Pandemia

Sinopse

Do choque subido e progressivo à uma realidade inimaginável. O mundo desacelerou e, vertiginosamente, se acalmou. Um vírus mortífero fulminou os circuitos vitais das sensibilidades e engrenagens que fazem girar a economia, movimentar as cidades e aproximar pessoas e afetos. No início, o confinamento e paralisia dos grandes centros urbanos, conteve, parcialmente, o ritmo frenético da globalização (diminuindo a poluição e o avanço das mudanças climáticas), mas, não tardaria a volta da máquina tóxica da indústria fóssil.

O certo é que a COVID-19 expôs, de forma contundente, as fragilidades da nossa surrada contemporaneidade. O show da vida foi travado e grandes eventos e projetos, tiveram que ficar para depois, muito depois. Os momentos mais complicados estavam por vir. A ficha ainda não tinha caído, e não cairia tão cedo. Sem fazer a lição essencial, o mundo, que já não ia bem das pernas, foi pego despreparado, entrou em colapso e ruiu.

Na correria indesejada e diante da “nova normalidade”, diferentes segmentos da sociedade, mas, sobretudo, as escolas, tiveram que transitar na marra para um outro modelo de ensino e aprendizagem. Aulas no formato à distância em plataformas online, lives, começaram a comandar os novos tempos da educação, das comunicações, das manifestações culturais e dos negócios.

Numa escola particular, no centro da cidade de Belém, onde minha filha estudava, reinava, obviamente, um clima de desilusão. Diante do escuro, ninguém poderia ter qualquer preparo para enfrentar aquela situação. Orientação pedagógica e professores tinham que se qualificar (as pressas!) e se adaptar as mudanças provocadas pela pandemia. Essa crise causou (e ainda continua causando), perdas, transtornos e forte carga de estresse.

Já com alguns meses de pandemia, no final da aula, a professora perguntou o que a turma estava achando do isolamento. As crianças, sinceras e sem freios, disseram: "eu queria matar o coronavírus com uma chinela", "é ruim o coronavírus porque tenho que aguentar o chato do meu irmão", e, finalmente, Fernanda, ávida para falar, arrematou: "tenho muitas saudades, mas eu queria sair desse inferno do coronavírus". Daí o título do livro.

Acompanhei as falas em cima do lance. A menina exagerou, mas o desabafo foi compreensível, afinal de contas, o isolamento suspendeu as brincadeiras, os passeios, os beijos e abraços, a liberdade de ir e vir da garotada, enfim, a saudável e insubstituível sociabilidade. Traumas e ensinamentos que a geração atual e as futuras terão que conviver e amadurecer. A pandemia da COVID-19 estremeceu e continua estremecendo o mundo, ressignificando valores e comportamentos, e reacendendo dúvidas e controvérsias, num dos momentos mais desafiadores depois da Segunda Guerra Mundial, como afirmou a ex-chanceler alemã, Ângela Merkel.

Este livro reflete minhas percepções, sentimentos, além de inquietações conjunturais, nesta quadra histórica crucial de emergências globais interligadas (pandemias, mudanças climáticas, crises econômicas, perda de florestas, desigualdades sociais, disputas territoriais e conflitos geopolíticos, dentre outras).

Por certo, um registro tão micro quando o coronavírus, e o intuito é exatamente esse: ficar na memória, em movimento, como experiência de vida, no imaginário coletivo, no pensamento e ação do observador participante (como dizem os antropólogos) no curso de tensões e ciclos de mudanças.

O conteúdo se beneficia de breves textos publicados ao longo dos anos 2020 e 2021 em diferentes meios de divulgação científica . Diante do cenário caótico, mas também de esperança, que move corações e mentes, nada melhor do que respirar fundo, soltar a imaginação e deixar fluir, quem sabe, provocações que possam semear debates futuros.

Pelas longas batalhas diárias, mas sem perder a ternura, agradeço aos familiares e amigos. Dedico esta reflexão a minha filha, Fernanda, e claro não poderia faltar a lembrança da Lilica, nossa cachorrinha, que trouxe a leveza e o afago nos dias mais duros.

Publicado

março 8, 2022

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