Gestão Pedagógica e Interculturalidade: Estudo de Caso do Instituto Federal de Roraima

O Instituto Federal de Roraima, Campus Amajari, Roraima/Brasil, localiza-se em região fronteiriça com a cidade de Santa Elena de Uairén/Venezuela, situando-se a uma distância de 144 km desse país. É uma instituição marcada por diversa composição étnica, constituída por alunos brasileiros, venezuelanos e indígenas, sendo estes das etnias Wapichana, Makuxi, Ingarikó e Taurepang. Essas são singularidades de uma escola fronteiriça, o que denota a existência de muitas culturas nesse espaço educativo. É preciso destacar ainda que, assim como os alunos são multiculturalmente diversos, o corpo docente e os Gestores Pedagógicos também o são – uma professora, que também exerce a função de gerir o pedagógico na Direção de Ensino do Campus Amajari, é roraimense, indígena da etnia Wapichana; outros professores e Gestores Pedagógicos da Instituição advêm de diferentes regiões do país.

O trabalho de Gestão Pedagógica dentro do âmbito escolar tem uma importância fundamental para o desenvolvimento qualitativo do processo de ensino e de aprendizagem, pois os gestores que atuam nesse âmbito realizam atividades diversas que vão desde o planejamento de ações básicas do cotidiano escolar, que envolvam docentes e discentes, até atividades de cunho formativo, principalmente para a equipe docente. Logo, é reconhecível que o trabalho desses profissionais influencia no desenvolvimento do processo educativo.

No Instituto Federal, o Diretor de Ensino e os Coordenadores Pedagógicos compõem a Gestão Pedagógica. Enquanto o primeiro planeja e age de forma sistematizada para a concretização dos objetivos e das metas traçados pela instituição, os Coordenadores Pedagógicos auxiliam os professores na elaboração e na diversificação de suas aulas, buscando alternativas junto aos docentes para abordar os conteúdos propostos e, sobretudo, para que essa prática possa atingir os alunos, melhorando e facilitando o processo de ensino-aprendizagem. Esses Gestores geralmente assumem uma série de funções, tanto de natureza administrativa quanto pedagógica, sendo que dentre as suas responsabilidades principais estão as de articular a relação escola-comunidade e manter um processo de comunicação entre os membros da escola e entre a escola e a comunidade.

Diante da complexidade do trabalho realizado por esses profissionais surge este livro, que se propõe a problematizar as práticas envolvidas no fazer pedagógico desses profissionais no Instituto Federal de Roraima, Campus Amajari. Assim, esta pesquisa investiga as características do trabalho da Gestão Pedagógica nessa unidade de ensino. Com o objetivo geral de delinear as especificidades do trabalho da equipe da Gestão Pedagógica em uma Escola Técnica, localizada numa região de fronteira Brasil/Venezuela, procura conhecer como tal função se constitui nessa instituição. Além disso, visa a identificar os desafios e dificuldades envolvidos nas práticas do cotidiano escolar.

Como referencial teórico, recorremos a estudos que abordam a Cultura, a Educação e a Gestão Pedagógica, baseados principalmente em autores como Hall (1997); Pilleti (1998); Sólon (2001); Candau (2003); Laraia (2004); Placco (2010); Vasconcelos (2013); Domingues (2014), entre outros. Verificamos também os documentos oficiais que orientam as instituições de ensino.

Quanto à estrutura, o trabalho está organizado em capítulos, seguidos das considerações finais e das referências bibliográficas. O primeiro capítulo, intitulado A formação do campo investigativo, aborda as relações entre o objeto de pesquisa e a vida acadêmica e profissional da pesquisadora, mostra a construção da definição do problema de pesquisa e as motivações que mobilizaram o início dos estudos sobre esta temática, focada numa análise sobre o trabalho do Gestor Pedagógico de um Instituto Federal, localizado numa região de fronteira Brasil-Venezuela. O capítulo apresenta, ademais, alguns documentos oficiais – como, LDB 9.394/96, e a Resolução 243 do Conselho Superior do Instituto Federal de Roraima –, a fim de trazer ao conhecimento a legislação que orienta a Gestão Pedagógica em sua atuação pela interculturalidade. Por último, traçamos algumas relações entre a problemática pedagógica e a Interculturalidade.

No capítulo dois, é apresentado o contexto do estudo. São expostos os objetivos, a justificativa e a paisagem da pesquisa. Esse capítulo mostra informações sobre o entorno da instituição pesquisada: apresentamos as características geográficas do espaço no qual se situa a escola, abordamos o público ao qual ela atende, trazemos as especificidades do corpo docente e discente. Tudo de modo a arrolar elementos que fomentem as análises levadas a cabo neste trabalho.

No terceiro capítulo, fazemos referência à metodologia. Apresentaremos o modelo de pesquisa – baseado em estudos etnográficos –, e explicitamos os caminhos percorridos durante todo o trabalho. Além disso, definimos e caracterizamos os sujeitos da pesquisa e a justificativa dessa escolha.

No último capítulo, estão organizadas as análises do material colhido no trabalho de campo. Intitulado Um olhar sobre fronteira e “culturas na contemporaneidade”, esse capítulo traz a fala daqueles que colaboraram com esta pesquisa, apresentando seu dia a dia de trabalho, a fim de explicitar algumas características da Gestão Pedagógica na unidade de ensino escolhida. A partir das entrevistas realizadas, a pesquisadora pôde tecer suas considerações, edificadas sempre com o apoio do referencial teórico escolhido.