Cultura popular e folkcomunicação: um estudo dos festejos do Boa Vista Junina

Autores

Hudson do Vale de Oliveira

Palavras-chave:

Comunicação, Cultura Popular, Festa Junina, Manifestação Popular

Sinopse

O São João representa, especialmente no Nordeste brasileiro, um período do ano em que os festejos juninos se caracterizam como eventos que movimentam as cidades, englobando funções que vão do lúdico ao econômico.

Nestes festejos, uma das grandes atrações têm sido as quadrilhas juninas, que se configuram como um espaço onde há construção e ressignificação de sentidos, por meio da preparação e da apresentação de espetáculos que envolvem o tradicional, especialmente fortalecendo a cultura popular, e o contemporâneo.

Em Boa Vista, Roraima, os festejos juninos têm colocado a cidade numa posição de destaque, sendo esta considerada, pelo número de participantes, por exemplo, o Maior Arraial da Amazônia, com a realização do Boa Vista Junina, promovido pela Prefeitura Municipal de Boa Vista.

No evento, anualmente, vinte e quatro quadrilhas se apresentam, sendo doze do grupo especial e doze do grupo de acesso, buscando o título de campeã, em cada grupo. Uma dessas quadrilhas é o Grupo Junino Sinhá Benta (GJSB), que tem apenas seis anos de fundação e faz parte do grupo especial.

Diante dessa contextualização, buscou-se analisar o evento Boa Vista Junina, enquanto manifestação popular, de expressão cultural, à luz da folkcomunicação, teoria genuinamente brasileira de Luiz Beltrão, na percepção do GJSB. Para tanto, formulou-se o seguinte questionamento: de que maneira o GJSB pode ser compreendido como um processo de comunicação de acordo com a matriz teórica da Folkcomunicação?

No âmbito teórico, o livro aborda a teoria da Folkcomunicação, de Luiz Beltrão, buscando relacionar a comunicação, o folclore e a cultura popular. O livro retrata que o evento Boa Vista Junina vai além de um mero acontecimento festivo.

Além de abordar o lúdico, por meio das diversas temáticas que são apresentadas pelas quadrilhas juninas, o evento aquece a economia do município, promove geração de renda, por meio de empregos diretos e indiretos, apresenta cunho político, especialmente pela participação dos representantes do povo nos grupos juninos, na condição de destaque ou não, e, inclusive, apresentam uma contribuição social, uma vez que por meio da interação do grupo e por meio da dança, muitos jovens passam a traçar objetivos de vida.

Por meio das abordagens teóricas consideradas, alguns questionamentos que este livro visa responder, considerando a teoria da Folkcomunicação, com foco no Boa Vista Junina, no olhar do Grupo Junino Sinhá Benta são: como situar a festa junina como expressão da cultura popular? Como expressão do folclore? E como expressão da comunicação?

Para isso, o livro seguiu a proposta de Jardim et al. (2016) dentro de uma perspectiva teórico-metodológica dos estudos folkcomunicacionais, com uma abordagem mais etnometodológica da comunicação (pesquisa etnográfica de observação participante), considerando as interações e as vivências cotidianas no âmbito do Grupo Junino Sinhá Benta e foram realizadas entrevistas com alguns dos destaques do Grupo Junino Sinhá Benta e com uma representante da diretoria do grupo.

O espetáculo produzido pelo GJSB retrata fé, esperança e muita emoção. A cada encenação, a cada coreografia foi possível perceber a interação do grupo que reagia, com lágrimas, com aplausos, com expressões. Assim, a atmosfera criada durante a apresentação do espetáculo produzido pela quadrilha envolveu o emissor (GJSB), a mensagem, por meio do espetáculo realizado, e o receptor, que reagiu ao espetáculo.

Essa obra, além dessa apresentação, conta com cinco capítulos e considerações finais acerca das reflexões propostas. O primeiro capítulo apresenta elementos relacionados à identidade quadrilheira e aos aspectos metodológicos que subsidiaram as reflexões. O segundo capítulo traz uma contextualização de Roraima, de Boa Vista e, especialmente, dos Festejos Juninos e das Quadrilhas Juninas. O terceiro capítulo apresenta a Teoria da Folkcomunicação e alguns conceitos relacionados a essa teoria e à perspectiva teórica aqui proposta, a saber: comunicação, folclore e cultura popular. O quarto capítulo apresenta o evento Boa Vista Junina como um processo simbólico de comunicação, na perspectiva do emissor, da mensagem e do receptor. O quinto capítulo traz percepções do Boa Vista Junina no olhar do Grupo Junino Sinhá Benta.

O livro contribuirá para as discussões sobre a temática cultural, com foco no movimento quadrilheiro, não só com relação à comunicação e seus diversos desdobramentos, conforme aqui proposto, mas em diferentes perspectivas.

Publicado

novembro 10, 2019

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