Geografia e Relações Internacionais: Debates Temáticos!
Palavras-chave:
América do Sul, Brasil, Geografia, Relações InternacionaisSinopse
Os primeiros estudos em Geografia e Relações Internacionais que adquiriram relevância para interpretar os fenômenos internacionais, respectivamente nos últimos dois quartis do século XIX e no início do século XX, foram responsáveis pelo surgimento dos campos de Geografia Política, Geopolítica e Relações Internacionais, os quais por muito tempo foram independentes entre si e até mesmo chegaram a rivalizarem entre si.
Foi somente na passagem para o século XXI, frente a emergência de um sistema internacional cada vez mais complexo, que os campos científicos de estudos em Geografia e Relações Internacionais iniciaram assertivas de um diálogo mais aberto e convergente para as pesquisas responderem a partir de olhares multidisciplinares aos novos questionamentos, desafios e incertezas.
Em um contexto de crescente complexidades, os olhares disciplinares se tornam limitados para responderem satisfatoriamente à dinâmica dos fenômenos que são cada vez mais voláteis, fluidos e céleres em seus ciclos de vida, oportunizando assim a possibilidade de uma abordagem multidisciplinar convergente entre os campos científicos da Geografia e das Relações.
Tomando como referência esta propositiva e embrionária convergência dialógica dos campos científicos de Geografia e Relações Internacionais, o objetivo desta obra, intitulada “Geografia e Relações Internacionais: Debates Temáticos!”, é levantar uma reflexão inicial sobre alguns temas estratégicos no sistema internacional contemporâneo para o fortalecimento epistêmico deste debate multidisciplinar que alguns autores chamam de Geografia das Relações Internacionais.
Derivado de discussões apresentadas no XII Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia na cidade de São Paulo em 2019, o presente livro contou com a colaboração de 9 pesquisadores, oriundos de 6 diferentes instituições de ensino superior do Brasil, os quais constroem de modo recorrente em suas pesquisas este diálogo multidisciplinar entre a Geografia e as Relações Internacionais.
Fundamentado por um recorte metodológico descritivo e explicativo quanto aos fins e qualitativo quanto aos meios, o livro foi desenvolvido com base em um método dedutivo que adotou, tanto, revisão bibliográfica e documental como procedimentos de levantamento de dados, quanto análise hermenêutica, geoespacial e gráfica como procedimentos de análise de dados.
Os recortes teóricos adotados refletem o enriquecimento do contato entre os campos de Relações Internacionais e Geografia, demonstrando uma pluralidade de abordagens adotadas, mas que pode ser sintetizada pela presença de marcos conceituais e teóricos advindos dos paradigmas liberal, nacional-realista e crítico nos diferentes capítulos que compõem esta obra.
Estruturado com objetivos didáticos na busca de um diálogo convergente entre os campos científicos de Geografia e Relações Internacionais, o presente livro apresenta 6 capítulos, os quais se articulam por meio de 3 eixos de discussão: a) mapeamento do campo de estudos, b) geopolítica da cooperação internacional, e, c) dinâmicas internacionais (multilateral e regional).
O primeiro eixo de discussão é caracterizado pelo mapeamento do campo de estudos, ao apresentar dois artigos que discutem, tanto, a evolução das pesquisas sobre Geografia Política e Geopolítica nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa, quanto, o marco conceitual de fronteiras à luz das correntes teóricas clássicas e neoclássicas nos estudos de Relações Internacionais
No capítulo 1, “Estudos de Geografia Política e Geopolítica: evolução sob o prisma de uma revisão integrativa”, os pesquisadores Marcos de Lima Gomes e Elói Martins Senhoras analisam a evolução das publicações científicas em Geografia e Geopolítica nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa no período entre 1980 e 2018.
No capítulo 2, “As fronteiras sob a ótica das teorias clássicas e neoclássicas das Relações Internacionais”, as pesquisadoras Tatiana de Souza Leite Garcia e Bianca de Oliveira Jesus trazem um estudo de revisão sobre o estado da arte nas teorias de Relações Internacionais para abordarem um dos mais tradicionais conceitos geográficos, as fronteiras.
O segundo eixo de discussão desta obra fundamenta-se na reinvenção do campo de estudos da Geopolítica que se faz pela reinvenção da abordagem clássica, de natureza conflitiva-hobbesiana, por meio de um diálogo com o campo de Relações Internacionais, ao trazer uma leitura de influência kantiana sobre a geopolítica da cooperação internacional.
No capítulo 3, “Poder e cooperação internacional nos estudos de Geopolítica”, o professor André Santos da Rocha analisa o marco conceitual de poder em suas diferentes “grafias” com o objetivo subsidiar desdobramentos analíticos aqueles estudos que trabalham as dinâmicas de cooperação internacional na interface epistemológica entre a Geografia e as Relações Internacionais.
No capítulo 4, “Geografia das cooperações internacionais”, o objetivo central do pesquisador Gustavo Luiz Xavier de Abreu é analisar, através de um recorte teórico crítico, o sistema de estratégias dos atores diplomáticos e paradiplomáticos que conformam a chamada Cooperação Internacional e a sua potencialidade enquanto ferramenta geopolítica no sistema internacional.
O terceiro eixo estrutural do livro fundamenta-se em uma análise das principais dinâmicas internacionais (multilateral e regional) constituídas após a II Guerra Mundial, por meio de uma abordagem que mostra um sistema internacional cada vez mais complexo, permeado por novas institucionalizações que evoluíram e passam a serem questionadas frente a uma crise no multilateralismo e a tendências de (des)integração regional.
No capítulo 5, “A OMC e o multilateralismo em tempos de transformações globais”, a professora Patrícia Nasser de Carvalho analisa o contexto de crise do sistema multilateral por meio de um estudo de caso da OMC, no qual avalia os principais obstáculos, impasses e desafios e conclui que o sistema internacional de comércio multilateral enfrenta dificuldades sem precedentes que estão associadas a fatores estruturais e conjunturais.
No capítulo 6, “Região e integração regional: o conceito geográfico e a teoria internacionalista”, Ricardo Luigi abre um franco debate sobre uma Geografia das Relações Internacionais tomando como objeto de análise o conceito de região e a problemática dinâmica de (des)integração regional no sistema internacional frente a avanços e recuos existentes, razão pela qual oportuniza a ilustração do caso da União Sul-Americana de Nações (UNASUL) desde a ratificação até a sua fragmentação.
Com base nos 6 capítulos apresentados neste livro surge a amálgama de uma melhor apreensão de fenômenos e de dinâmicas internacionais à luz de um funcional e convergente debate multidisciplinar comandado pelos campos de Geografia e Relações Internacionais, razão pela qual convidamos você leitor(a) a desbravar novos conhecimentos e fazer parte desta comunidade epistêmica que constrói a Geografia das Relações Internacionais.
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