Geografia e Relações Internacionais: Debates Temáticos!

Autores

Elói Martins Senhoras
Universidade Federal de Roraima (UFRR)
Claudete de Castro Silva Vitte
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
André Santos da Rocha
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Palavras-chave:

América do Sul, Brasil, Geografia, Relações Internacionais

Sinopse

Os primeiros estudos em Geografia e Relações Internacionais que adquiriram relevância para interpretar os fenômenos internacionais, respectivamente nos últimos dois quartis do século XIX e no início do século XX, foram responsáveis pelo surgimento dos campos de Geografia Política, Geopolítica e Relações Internacionais, os quais por muito tempo foram independentes entre si e até mesmo chegaram a rivalizarem entre si.

Foi somente na passagem para o século XXI, frente a emergência de um sistema internacional cada vez mais complexo, que os campos científicos de estudos em Geografia e Relações Internacionais iniciaram assertivas de um diálogo mais aberto e convergente para as pesquisas responderem a partir de olhares multidisciplinares aos novos questionamentos, desafios e incertezas. 

Em um contexto de crescente complexidades, os olhares disciplinares se tornam limitados para responderem satisfatoriamente à dinâmica dos fenômenos que são cada vez mais voláteis, fluidos e céleres em seus ciclos de vida, oportunizando assim a possibilidade de uma abordagem multidisciplinar convergente entre os campos científicos da Geografia e das Relações.

Tomando como referência esta propositiva e embrionária convergência dialógica dos campos científicos de Geografia e Relações Internacionais, o objetivo desta obra, intitulada “Geografia e Relações Internacionais: Debates Temáticos!”, é levantar uma reflexão inicial sobre alguns temas estratégicos no sistema internacional contemporâneo para o fortalecimento epistêmico deste debate multidisciplinar que alguns autores chamam de Geografia das Relações Internacionais.

Derivado de discussões apresentadas no XII Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia na cidade de São Paulo em 2019, o presente livro contou com a colaboração de 9 pesquisadores, oriundos de 6 diferentes instituições de ensino superior do Brasil, os quais constroem de modo recorrente em suas pesquisas este diálogo multidisciplinar entre a Geografia e as Relações Internacionais.

Fundamentado por um recorte metodológico descritivo e explicativo quanto aos fins e qualitativo quanto aos meios, o livro foi desenvolvido com base em um método dedutivo que adotou, tanto, revisão bibliográfica e documental como procedimentos de levantamento de dados, quanto análise hermenêutica, geoespacial e gráfica como procedimentos de análise de dados.

Os recortes teóricos adotados refletem o enriquecimento do contato entre os campos de Relações Internacionais e Geografia, demonstrando uma pluralidade de abordagens adotadas, mas que pode ser sintetizada pela presença de marcos conceituais e teóricos advindos dos paradigmas liberal, nacional-realista e crítico nos diferentes capítulos que compõem esta obra.

Estruturado com objetivos didáticos na busca de um diálogo convergente entre os campos científicos de Geografia e Relações Internacionais, o presente livro apresenta 6 capítulos, os quais se articulam por meio de 3 eixos de discussão: a) mapeamento do campo de estudos, b) geopolítica da cooperação internacional, e, c) dinâmicas internacionais (multilateral e regional).

O primeiro eixo de discussão é caracterizado pelo mapeamento do campo de estudos, ao apresentar dois artigos que discutem, tanto, a evolução das pesquisas sobre Geografia Política e Geopolítica nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa, quanto, o marco conceitual de fronteiras à luz das correntes teóricas clássicas e neoclássicas nos estudos de Relações Internacionais

No capítulo 1, “Estudos de Geografia Política e Geopolítica: evolução sob o prisma de uma revisão integrativa”, os pesquisadores Marcos de Lima Gomes e Elói Martins Senhoras analisam a evolução das publicações científicas em Geografia e Geopolítica nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa no período entre 1980 e 2018.

No capítulo 2, “As fronteiras sob a ótica das teorias clássicas e neoclássicas das Relações Internacionais”, as pesquisadoras Tatiana de Souza Leite Garcia e Bianca de Oliveira Jesus trazem um estudo de revisão sobre o estado da arte nas teorias de Relações Internacionais para abordarem um dos mais tradicionais conceitos geográficos, as fronteiras.

O segundo eixo de discussão desta obra fundamenta-se na reinvenção do campo de estudos da Geopolítica que se faz pela reinvenção da abordagem clássica, de natureza conflitiva-hobbesiana, por meio de um diálogo com o campo de Relações Internacionais, ao trazer uma leitura de influência kantiana sobre a geopolítica da cooperação internacional.

No capítulo 3, “Poder e cooperação internacional nos estudos de Geopolítica”, o professor André Santos da Rocha analisa o marco conceitual de poder em suas diferentes “grafias” com o objetivo subsidiar desdobramentos analíticos aqueles estudos que trabalham as dinâmicas de cooperação internacional na interface epistemológica entre a Geografia e as Relações Internacionais.

No capítulo 4, “Geografia das cooperações internacionais”, o objetivo central do pesquisador Gustavo Luiz Xavier de Abreu é analisar, através de um recorte teórico crítico, o sistema de estratégias dos atores diplomáticos e paradiplomáticos que conformam a chamada Cooperação Internacional e a sua potencialidade enquanto ferramenta geopolítica no sistema internacional.

O terceiro eixo estrutural do livro fundamenta-se em uma análise das principais dinâmicas internacionais (multilateral e regional) constituídas após a II Guerra Mundial, por meio de uma abordagem que mostra um sistema internacional cada vez mais complexo, permeado por novas institucionalizações que evoluíram e passam a serem questionadas frente a uma crise no multilateralismo e a tendências de (des)integração regional.

No capítulo 5, “A OMC e o multilateralismo em tempos de transformações globais”, a professora Patrícia Nasser de Carvalho analisa o contexto de crise do sistema multilateral por meio de um estudo de caso da OMC, no qual avalia os principais obstáculos, impasses e desafios e conclui que o sistema internacional de comércio multilateral enfrenta dificuldades sem precedentes que estão associadas a fatores estruturais e conjunturais.

No capítulo 6, “Região e integração regional: o conceito geográfico e a teoria internacionalista”, Ricardo Luigi abre um franco debate sobre uma Geografia das Relações Internacionais tomando como objeto de análise o conceito de região e a problemática dinâmica de (des)integração regional no sistema internacional frente a avanços e recuos existentes, razão pela qual oportuniza a ilustração do caso da União Sul-Americana de Nações (UNASUL) desde a ratificação até a sua fragmentação.

Com base nos 6 capítulos apresentados neste livro surge a amálgama de uma melhor apreensão de fenômenos e de dinâmicas internacionais à luz de um funcional e convergente debate multidisciplinar comandado pelos campos de Geografia e Relações Internacionais, razão pela qual convidamos você leitor(a) a desbravar novos conhecimentos e fazer parte desta comunidade epistêmica que constrói a Geografia das Relações Internacionais. 

Publicado

dezembro 20, 2019

Séries

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